Estaremos neste texto
comentando sobre a visão doutrinária do Núcleo Mata Verde, sobre as
manifestações dos espíritos nos trabalhos de Umbanda.
É necessário que o
leitor já tenha amadurecido em seu íntimo a noção dos SETE REINOS SAGRADOS, que
nada mais são, do que fases do processo evolutivo do planeta Terra.
Este conceito de sete
reinos numa segunda fase extrapola a formação do planeta e mostra-se como uma
regra geral do processo evolutivo em qualquer região do universo, com sete
tipos de forças que atuam nestes processos.
Quando falamos em
evolução estamos nos referindo a processos materiais e espirituais.
Em outra oportunidade
estaremos desenvolvendo o conteúdo referente a evolução espiritual pelos sete
reinos sagrados, onde iremos entender o mecanismo evolutivo das mônadas
espirituais agindo através de CAMPOS ESTRUTURAIS e desta forma assumindo
maiores responsabilidades espirituais como elementares, elementais,
almas-grupos, espíritos, mestres, anjos e orixás.
Agora iremos abordar
as roupagens fluídicas e atribuições de trabalho dos espíritos trabalhadores da
umbanda.
O espírito na sua
essência não possui forma definida, podemos falar em chamas, lampejos, luz etc.
Sabemos que o criador
é único e por sua vontade criou o universo material e o espiritual, que na
tradição africana chamamos de Ayiê e Orum.
Este conhecimento
pertence a várias culturas e religiões de nosso planeta, na primeira linha da
Gênese Mosaica está escrito:
“1. No principio Deus
criou os Céus e a Terra.”
Podemos traduzir céus
como o mundo espiritual (Orum) e a Terra como o universo material (Ayiê).
No livro dos
espíritos na pergunta de número 27 encontramos a seguinte questão:
“27. Haveria, assim,
dois elementos gerais do Universo, a matéria e o espírito?
E a resposta
fornecida pelo espírito:
Sim, e acima de
ambos, Deus, o Criador, o pai de todas as coisas. Essas três coisas são o
princípio de tudo o que existe, a trindade universal...”
Na doutrina seguida
pelo Núcleo Mata Verde aceitamos esta TRINDADE UNIVERSAL e entendemos Deus
(Olorum, Zambi ) como único criador de todo o universo, portanto em hipótese
alguma podemos aceitar uma visão politeísta para a umbanda.
Deus criou a matéria
e o espírito, mas esta matéria não tinha forma, é o que nos fala a gênese
mosaica:
“2. A terra estava
informe e vazia...”
Sabemos que energia e
matéria são elementos do universo e que uma se transforma na outra, portanto
podemos pensar em um universo material formado somente por energia sem formas
materiais, foi a partir de um segundo momento
pela vontade de Deus que o mundo material passou a possuir formas e
estruturas.
Deus disse:
“Faça-se a luz!” E a
luz foi feita.
Este instante da
criação universal é o que chamamos de REINO DO FOGO em nosso estudo
doutrinário.
É o primeiro reino da
criação, é luz, é calor, é força para provocar as mudanças necessárias.
A partir deste
primeiro reino caminhamos para o segundo reino, que é o chamdo REINO DA TERRA,
que sabemos que é o reino das formas, das regras, das leis, das estruturas e
aqui entendemos todas as leis e estruturas existentes no universo; a lei de
atração e repulsão elétrica e magnética, a lei da gravidade, a lei de ação e
reação, a lei do Karma etc.
São leis imutáveis,
naturais, universais e divinas.
Como tudo no universo
material se manifesta através de formas e estruturas, os espíritos para se
manifestarem em nossa realidade espaço-tempo, em nossa consciência, em nossa
“tela mental”, em nossos sonhos e em manifestações mediúnicas necessitam
assumir formas, estruturas e aparências.
Estas formas são
chamadas de corpos espirituais e são de natureza semelhante às estruturas que
dão forma a matéria.
Na doutrina dos SETE
REINOS SAGRADOS chamamos estas estruturas de “CAMPOS ESTRUTURAIS”, que em outra
oportunidade iremos desenvolver sua natureza mais a fundo.
No momento limitamos
a dizer que “Campos Estruturais”, são estruturas de natureza mental e
emocional, geradas e mantidas pelos espíritos e que dão forma a matéria e
também ao corpo espiritual dos espíritos. Aceitamos na doutrina seguida pelo
Núcleo Mata Verde, que tudo que existe no universo material possui um duplo de
natureza espiritual, que chamamos de campo estrutural, que pode ser entendido
como um campo organizador da matéria e de toda realidade humana.
Como mencionamos
acima, os espíritos para se manifestarem assumem um corpo espiritual, e como é
este corpo espiritual nos trabalhadores umbandistas?
Existem três etapas
na formação da aparência espiritual para os espíritos que trabalham na umbanda
e podemos afirmar para todos aqueles espíritos que de alguma forma necessitam
se apresentar em nossa realidade material.
Primeira etapa:
É a unicidade
espiritual; o espírito é único e indivisível.
Diferente do corpo
material que é um organismo, formado pelos diversos órgãos, o espírito em sua
essência é único e indefinível. (Atma)
Nesta sua natureza
ele não consegue se manifestar aos humanos.
Segunda etapa:
Polaridade
espiritual.
Nesta etapa o
espírito elabora sua roupagem fluídica, o perispírito dos Espíritas, ou o corpo
espiritual.
A polaridade é um conceito
de natureza material, e o espírito para se manifestar nesta realidade material
de espaço-tempo necessita se polarizar.
A polaridade se
apresenta como Feminina ou Masculina.
Podemos dizer que o espírito
cria um “campo estrutural” que dará forma ao seu corpo espiritual que poderá
ser de mulher ou de homem.
Terceira etapa:
Triplicidade
espiritual.
Aqui os espíritos
escolhem a melhor opção para realizarem suas atividades, e que melhor se
adaptam as suas características.
Na triplicidade o
espírito poderá assumir a forma de: criança, adulto ou velho.
Quarta etapa:
Qualidade vibracional
espiritual.
Nesta etapa a opção é
setenária, dependo da sua natureza e dos conhecimentos adquiridos no processo
evolutivo o espírito vem trabalhar nos Terreiros umbandistas vinculados a uma
das sete vibrações existentes na natureza, ou seja, conforme seus compromissos
com os Orixás Regentes de cada reino:
Ogum, Xangô, Iansã,
Iemanjá, Oxossi, Oxalá, Omolu
Que são os regentes
dos sete reinos sagrados:
Reino do Fogo, da
Terra, do Ar, da Água, das Matas, da Humanidade, das Almas.
Podemos encontrar
quarenta e duas formas básicas de manifestação. (7x3x2)
Não iremos neste
momento relacionar todas as possibilidades, mas daremos um exemplo:
1) Linha de Cosme e Damião (Crianças):
Polaridade: Feminina
Triplicidade: Criança
Qualidade
Vibracional: Iemanjá
O espírito se
manifestará como uma criança, menina que trabalha na vibração de Iemanjá (Reino
das águas), poderá, por exemplo, se identificar com o nome de Mariazinha.
Mariazinha é o
diminutivo de Maria, que significa Mãe e todas as Mães, de alguma forma, estão
ligadas a água.
Polaridade: Masculino
Triplicidade: Criança
Qualidade
Vibracional: Xangô
O espírito se
manifestará como uma criança, menino que trabalha na vibração de Xangô (Reino
da Terra), poderá, por exemplo, se identificar com o nome de Pedrinho.
Pedrinho é o
diminutivo de Pedro, que significa Pedra e, portanto ligado ao reino da Terra.
2) Linha dos Caboclos
Polaridade: Masculino
Triplicidade: Adulto
Qualidade
Vibracional: Oxossi
O espírito se
manifestará como um adulto, homem que trabalha na vibração de Oxossi (Reino das
Matas), poderá se identificar com o nome, por exemplo, de Caboclo Folha Verde.
Polaridade: Feminino
Triplicidade: Adulto
Qualidade
Vibracional: Iemanjá
O espírito se
manifestará como uma Cabocla que trabalha na vibração de Iemanjá (Reino das
águas), poderá se identificar como, por exemplo, como Cabocla do Mar.
3) Linha dos Preto-Velhos
Polaridade: Masculino
Triplicidade: Velho
Qualidade
Vibracional: Oxossi
O espírito se
manifestará como um velho que trabalha na vibração de Oxossi (Reino das Matas),
poderá, por exemplo, se identificar como Vovô Sebastião na linha dos
preto-velhos ou como um Caboclo Velho.
Sebastião é o nome de
São Sebastião, que é o sincretismo de Oxossi na Umbanda.
Polaridade: Feminino
Triplicidade: Velho
Qualidade
Vibracional: Iemanjá
O espírito se
manifestará como uma preta-velha que trabalha na vibração de Iemanjá (reino das
águas), poderá, por exemplo, se identificar como Vovó Maria.(poderá também se
manifestar como uma cabocla velha)
Não pretendemos agora
explorar todas as possibilidades existentes, mas em breve faremos um trabalho
divulgando todas as possíveis combinações existentes e algumas sugestões de
nomes de trabalho.
É preciso registrar
que Crianças e Preto-Velhos por usarem nomes de origem ocidental cristã,
normalmente dificultam um pouco a identificação de suas vibrações de trabalho
pelo seu nome, mas a grande maioria utiliza nomes de santos ligados ao
sincretismo o que é um caminho para a identificação.
Já os Caboclos e
Caboclas, por utilizarem elementos da natureza em seus nomes fica mais fácil a
identificação.
Lembrando que pela
forma de trabalhar, pelos objetos utilizados, pelas cores, pelos pontos
riscados é possível fazer esta identificação; mas a maneira mais segura e
objetiva é perguntar ao espírito em quais das sete vibrações ele trabalha.
Também encontramos
Caboclos que trabalham com mais de uma vibração; em nossa vivência
identificamos entidades que trabalham em até três tipos de vibrações.
Alguns exemplos
simples:
Um Caboclo Pedra
Preta, é um espírito que se manifesta como Homem, adulto que trabalha com as
vibrações do Reino da Terra (pedra) e do Reino das Almas (cor Preta), ou seja,
é um Caboclo que trabalha nas irradiações dos Orixás Xangô e Omolu.
Um Ogum Sete Ondas, é
um espírito que se manifesta como homem, adulto que trabalha com as vibrações
do Reino do Fogo (Ogum) e do Reino das Águas (ondas), ou seja, ele trabalha nas
irradiações dos Orixás Ogum e Iemanjá.
Em relação aos Orixás
é interessante fazer um comentário de que estes sete reinos são regidos pelos
sete principais Orixás Primordiais e que através da mescla destas vibrações
primordiais encontramos as demais vibrações, que podemos chamar de vibrações
secundárias.
São Orixás que atuam
em dois ou mais reinos e sua existência necessita destas vibrações básicas.
Como exemplo, sem
querer criar polêmicas, podemos exemplificar com o Orixá Logunedé, que não é
cultuado na Umbanda.
Logunedé ou Logun
Ede, do iorubá Lógunède, é um orixá africano que na maioria dos mitos costuma
ser apresentado como filho de Oxum Ipondá e Oxóssi Inlè ou Érinle.
Segundo as lendas,
vive seis meses nas matas caçando com Oxossi e seis meses nos rios pescando com
Oxum.
Fica claro pelas
lendas que sua natureza é ligada ao REINO DAS MATAS e ao REINO DAS ÁGUAS, ou
seja, sua existência necessita destas duas vibrações.
Na doutrina dos Sete
Reinos é considerado um Orixá secundário.
Secundário no sentido
de não possuir uma única vibração em sua natureza e não no sentido de
importância religiosa.
Como já mencionamos
em outros textos de estudo, todos os Orixás encontrados na África podem ser
identificados através do estudo e analise das sete vibrações principais.
Finalizando lembramos
que estes princípios se aplicam em qualquer linha de trabalho da umbanda, sejam
exus, ciganos, baianos, etc. sempre teremos: crianças (Mirim), adultos e
velhos, homens ou mulheres e sempre vinculados aos sete reinos.
Saravá!
São
Vicente, 14/11/2010
Por
Manoel Lopes.
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