Periodicamente, a humanidade recebe a presença de
grandes espíritos que encarnam com a missão de reestruturar certas crenças e
impulsionar a evolução coletiva. São os chamados “avatares”. Tivemos a presença
de Sidarta Gautama, conhecido como Buda (o iluminado), que colaborou com o
avanço espiritual na Índia, dando início ao que conhecemos,... hoje, como
Budismo, nas suas variadas escolas. Assim também foi com Jesus, que era judeu,
mas, procurou resgatar a pureza de coração na vivência diária. Seus discípulos
iniciaram um movimento chamado Cristianismo, que, tempos depois, se tornou a
religião oficial do Império Romano. Lao Tzé, Confúcio, Krishna, Maomé, Moisés,
Lutero, entre outros, trouxeram, sem sombra de dúvida, um grande avanço na
evolução planetária. Sem falarmos dos filósofos, como Sócrates, Aristóteles,
etc. Claro que não pretendemos dizer, com isso, que estes grandes mestres do
pensamento humano sejam representantes absolutos da Verdade. Não... e duvido
que um grande mestre se coloque nesta posição. Mas, são como bússolas norteando
nosso caminho. Todo movimento religioso sofre diversas influências, ao longo
dos séculos; algumas benéficas, que revigoram a própria religiosidade original.
Outras, como valores culturais, interesses pessoais, preconceitos, etc., acabam
deturpando a proposta dos grandes mestres. No caso do movimento espírita,
costumo dizer, ironicamente, que o que se pratica não é Espiritismo, mas,
“kardecismo”, devido à tamanha autoridade que os espíritas dão às obras da
codificação, algo que Kardec nunca impôs. Sobre o movimento pela “pureza
doutrinária”, que sempre contou com adeptos de “carteirinha” no Espiritismo, eu
gostaria de dizer o seguinte: Eu respeito imensamente a obra de Kardec, mas,
baseando-me na História, reconheço que certos ensinamentos, na codificação, não
condizem, necessariamente, com a realidade, mas, são fruto de um visão cultural
da época, dos espíritos e até dos médiuns. Reconheço grandes ensinamentos na
codificação, mas, discordo de alguns, com base nos meus estudos de outras
doutrinas espiritualistas e, principalmente, na minha experiência prática, na
minha vivência. Aqueles que fazem da codificação kardequiana uma obra
representante da Verdade absoluta, inquestionável, estão criando uma ortodoxia
dogmática e matando o princípio da dúvida filosófica. A doutrina é
evolucionista e seus fundamentos podem ser encontrados em outras religiões.
Kardec chegou, inclusive, a sugerir um catálogo racional para se montar uma
biblioteca espírita. Neste catálogo, ele indica, entre outros livros: o Bhagava
Gita, o Alcorão, entre outros livros orientais. Kardec sugere, neste mesmo
catálogo, que se inclua obras antiespíritas para que tenhamos conhecimento dos
argumentos contrários. Isso, sim, é uma atitude filosófica. Kardec nunca disse
para os espíritas estudarem somente aquilo que estivesse de acordo com a
codificação. Ao contrário, ele deixou claro que novas obras viriam
complementar... bastava que usássemos o raciocínio e separássemos o joio do
trigo. Portanto, a codificação é obra de Kardec, mas o Espiritismo vai além
dela. É uma doutrina em construção, um “edifício” inacabado em que todos nós
trabalhamos.
Artigo publicado na
Revista Cristã do Espiritismo
Escrito por: Victor Rebelo
Escrito por: Victor Rebelo
Nenhum comentário:
Postar um comentário