A afirmação de Jesus quando ensinou que “é mais fácil entrar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico se salvar” tem sido mal interpretada pelos homens.
Alguns julgam que toda pessoa abastada está, pela afirmação do Mestre, irremediavelmente perdida. Assim não entendia Jesus. Quando Ele foi convidado a visitar a casa de Zaqueu, o publicano, considerado, na época, um homem de posses, disse ao morador: “hoje entrou a salvação nesta casa”.
Em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, livro de autoria de Allan Kardec (Cap. XVI, item 7), encontramos importante ensinamento sobre o tema: “Se a riqueza houvesse de constituir obstáculo absoluto à salvação dos que a possuem, conforme se poderia inferir de certas palavras de Jesus, interpretadas segundo a letra e não segundo o espírito, Deus, que a concede, teria posto nas mãos de alguns um instrumento de perdição, sem apelação nenhuma, idéia que repugna à razão”.
É verdade que a riqueza, para quem não sabe usá-la para o bem, é um obstáculo para a felicidade futura do Espírito. Para muitos ela facilita o orgulho e o egoísmo, vez que o dinheiro é capaz de abrir uma imensidão de portas.
Mas os bens materiais não podem ser vistos como um mal em si mesmos. Precisamos deles para manter o nosso corpo, que é material também. Precisamos deles para conseguir condições dignas de vida. Aqueles que amealharam grandes quantidades de bens materiais podem, neste sentido, produzir muito em favor dos menos favorecidos. O que se exige é a sabedoria para utilizar a riqueza. E nisto, aliás, é que reside a dificuldade que pesa sobre os ombros dos ricos.
Lemos com alegria o artigo publicado anos atrás na Folha de S. Paulo por Luciano Mendes de Almeida, sob o título “A Mágica dos Pequenos Gestos”. Ele expressa com absoluta correção o que é possível fazer com a riqueza: ...“há, no entanto, uma cooperação pessoal, familiar e comunitária que é fundamental e não pode faltar para o encaminhamento de uma solução definitiva do problema da desigualdade e da injustiça social. Trata-se de uma atitude interior a cada pessoa na compreensão das exigências da cidadania e, mais ainda, da fraternidade cristã. É o compromisso com a promoção dos outros. Precisamos vencer o individualismo doentio e a busca de vantagens só para os próprios familiares e amigos e abrir-nos a uma atitude humanitária que se estenda a todos, a começar pelos mais necessitados... Se cada um de nós souber partilhar com os outros o que recebemos de Deus, não faltará nada para ninguém. São gestos modestos e discretos de auxílio ao próximo. Quem tem mais partilha mais. A mágica não está apenas na rápida e maravilhosa multiplicação do atendimento aos necessitados, mas na progressiva transformação do nosso modo de agir. Vamos, então, aprender que a solução dos graves problemas sociais começa pela conversão de nossas atitudes. A sociedade, já nesta Terra, será não só justa, mas feliz. É isto que Jesus Cristo nos ensinou: a alegria maior é a de quem dá (Atos, 20, 35)”.
Os argumentos aqui transcritos estão em perfeita consonância com o pensamento espírita. Os bens que possuímos não nos pertencem. São apenas empréstimos que Deus nos concede para com eles realizarmos o bem em favor da humanidade. Não é fácil pensar nos outros quando temos em excesso. Aliás, nunca achamos que temos muito. Sempre queremos mais. O outro, na miséria, na exclusão, quase sempre fica esperando. Como a passagem do camelo pela agulha é tormentosa, poucos são os ricos que despertam para esta realidade. Poucos são, ademais, os que se consideram ricos. Destes, é insignificante o número daqueles que se propõem a trabalhar no sentido de minorar a desgraça alheia. Daí por que poucos são também os que alcançam o Reino, como dizia Jesus. É preciso despertar e descobrir nossas riquezas, que são muitas. A partir delas, aspergir bênçãos, aprendendo a repartir.
Quando todos vestirem este pensamento e trabalharem nesse sentido, teremos, sem sombra de dúvidas, exterminado a miséria e o sofrimento da face da Terra.
Por Édo Mariani
Alguns julgam que toda pessoa abastada está, pela afirmação do Mestre, irremediavelmente perdida. Assim não entendia Jesus. Quando Ele foi convidado a visitar a casa de Zaqueu, o publicano, considerado, na época, um homem de posses, disse ao morador: “hoje entrou a salvação nesta casa”.
Em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, livro de autoria de Allan Kardec (Cap. XVI, item 7), encontramos importante ensinamento sobre o tema: “Se a riqueza houvesse de constituir obstáculo absoluto à salvação dos que a possuem, conforme se poderia inferir de certas palavras de Jesus, interpretadas segundo a letra e não segundo o espírito, Deus, que a concede, teria posto nas mãos de alguns um instrumento de perdição, sem apelação nenhuma, idéia que repugna à razão”.
É verdade que a riqueza, para quem não sabe usá-la para o bem, é um obstáculo para a felicidade futura do Espírito. Para muitos ela facilita o orgulho e o egoísmo, vez que o dinheiro é capaz de abrir uma imensidão de portas.
Mas os bens materiais não podem ser vistos como um mal em si mesmos. Precisamos deles para manter o nosso corpo, que é material também. Precisamos deles para conseguir condições dignas de vida. Aqueles que amealharam grandes quantidades de bens materiais podem, neste sentido, produzir muito em favor dos menos favorecidos. O que se exige é a sabedoria para utilizar a riqueza. E nisto, aliás, é que reside a dificuldade que pesa sobre os ombros dos ricos.
Lemos com alegria o artigo publicado anos atrás na Folha de S. Paulo por Luciano Mendes de Almeida, sob o título “A Mágica dos Pequenos Gestos”. Ele expressa com absoluta correção o que é possível fazer com a riqueza: ...“há, no entanto, uma cooperação pessoal, familiar e comunitária que é fundamental e não pode faltar para o encaminhamento de uma solução definitiva do problema da desigualdade e da injustiça social. Trata-se de uma atitude interior a cada pessoa na compreensão das exigências da cidadania e, mais ainda, da fraternidade cristã. É o compromisso com a promoção dos outros. Precisamos vencer o individualismo doentio e a busca de vantagens só para os próprios familiares e amigos e abrir-nos a uma atitude humanitária que se estenda a todos, a começar pelos mais necessitados... Se cada um de nós souber partilhar com os outros o que recebemos de Deus, não faltará nada para ninguém. São gestos modestos e discretos de auxílio ao próximo. Quem tem mais partilha mais. A mágica não está apenas na rápida e maravilhosa multiplicação do atendimento aos necessitados, mas na progressiva transformação do nosso modo de agir. Vamos, então, aprender que a solução dos graves problemas sociais começa pela conversão de nossas atitudes. A sociedade, já nesta Terra, será não só justa, mas feliz. É isto que Jesus Cristo nos ensinou: a alegria maior é a de quem dá (Atos, 20, 35)”.
Os argumentos aqui transcritos estão em perfeita consonância com o pensamento espírita. Os bens que possuímos não nos pertencem. São apenas empréstimos que Deus nos concede para com eles realizarmos o bem em favor da humanidade. Não é fácil pensar nos outros quando temos em excesso. Aliás, nunca achamos que temos muito. Sempre queremos mais. O outro, na miséria, na exclusão, quase sempre fica esperando. Como a passagem do camelo pela agulha é tormentosa, poucos são os ricos que despertam para esta realidade. Poucos são, ademais, os que se consideram ricos. Destes, é insignificante o número daqueles que se propõem a trabalhar no sentido de minorar a desgraça alheia. Daí por que poucos são também os que alcançam o Reino, como dizia Jesus. É preciso despertar e descobrir nossas riquezas, que são muitas. A partir delas, aspergir bênçãos, aprendendo a repartir.
Quando todos vestirem este pensamento e trabalharem nesse sentido, teremos, sem sombra de dúvidas, exterminado a miséria e o sofrimento da face da Terra.
Por Édo Mariani
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