Logo no início de seus escritos, considerados apócrifos pela teologia oficial, anotando os ensinos de Jesus, Tomé escreveu: "quem descobrir o sentido destas palavras não provará a morte". Também João anotou: "quem guardar a minha palavra não verá a morte eternamente".
Provavelmente, para aqueles que interpretam tudo ao sabor dos seus egoísmos e de suas pretensões, tal enunciado do Cristo poderá soar como um inequívoco "salvo-conduto" pessoal para as terras encantadas do paraíso, de uma salvação fácil que exige, única e exclusivamente, a mudança de crença sem o modificar do agir.
Não seria possível pretender que Jesus houvesse ensinado que somente aqueles oficialmente cristãos seriam abençoados. Até porque, dentro das plagas do Cristianismo oficial, há um bom número de pessoas que não conseguiram, ainda hoje, compreender em essência os ensinos do Mestre. Quantos não existem, outrossim, anônimos do mundo, muitas vezes tidos como ateus pela crítica imperfeita dos homens, que, em suas atitudes cotidianas, provam ser verdadeiros cristãos, mesmo sem o saberem, bem mais do que tantos outros cristãos, de toda ordem, bem imperfeitos, já que não se esforçam na prática?
Sendo assim, necessário se faz meditar em Jesus...
O culto é aquele que conhece. O sábio é aquele que sabe.
O culto, apenas, encaixotou conhecimentos e os entendeu. O sábio, no entanto, compreendeu-os e, por isso mesmo, pratica-os e os praticou.
O culto poderá um dia ser sábio. O sábio já foi anteriormente, somente, um culto.
Desse modo, aquele que descobrir o sentido profundo das palavras ditas por Jesus, quer seja através de seus lábios, quer seja por meio da anunciação de seus enviados, quais Buda, Krishna e Sócrates, e as guarda no esforço contínuo das ações cotidianas, semelhante ao sábio, consegue estar, paulatinamente, em faixa vibratória superior. E, assim, pela evolução constante, empreende novos passos rumo à plenitude, guardando, pouco a pouco, a imortalidade de bênçãos destinada àqueles que souberam viver.
O Mestre deseja que tenhamos não só a imortalidade, mas, sobretudo a imortalidade plena. Eis por que dissera que viria dar a vida, mas a vida em abundância. Eis por que, de igual maneira, falara que aquele que perdesse a vida pelo amor ao Evangelho, na verdade, ganhá-la-ia.
Foi por isso que, na alegoria de suas palavras, simbolizou no pão e no vinho da última ceia o seu desejo que nós o guardássemos dentro de nós. Mas não em corpo e não exteriormente em rituais, antes em "espírito e em verdade" de compromissos de transformação pessoal através da realização de suas recomendações.
Assim sendo, quando conseguirmos entender profundamente Jesus, colocando-o, realmente, dentro de nossas vidas, conseguiremos, através dos caminhos evolutivos, ser de fato deuses e luzes; poderemos, então, conhecer o sentido de Deus. E, nestes dias, estaremos ao lado do Mestre, e Ele não mais falará conosco por parábolas, mas falará abertamente de seu Pai. Procuremos, então, neste sentido, como dizia Buda, fugindo do ciclo da vida e da morte, por meio das encarnações expiatórias, a plenitude na nossa imortalidade.
Procuremos, portanto, a imortalidade em Jesus, pois nestes dias, como falou o Mestre, não mais veremos a morte, porque estaremos na vida real.
Salve!
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