"Mas eles após a
ressurreição do Mestre, achando-se perturbados e espantados, cuidavam que viam
algum espírito".
Evangelho segundo Lucas, capítulo
24, versículo 37, no qual se comprova fenômenos de vidência pelos
apóstolos.
Embora os
acontecimentos mediúnicos descritos na Bíblia estejam velados pelo simbolismo
da raça hebraica ou pela poesia religiosa, em verdade, eles são fenômenos
mediúnicos tão específicos e positivos quanto aqueles que Allan Kardec e outros
autores espíritas enumeraram em seus estudos. Citaremos alguns dos
principais fenômenos mediúnicos insertos no Velho e no Novo Testamento, que
provam a manifestação da mediunidade naquela época, isentando a doutrina
espírita de havê-los inventado para fim doutrinário.
O fenômeno
mediúnico de "materializacão" e de "voz direta", por
exemplo, é indiscutivelmente registrado em I Samuel, capítulo 28, versículos
11, 12 e 15, quando Saul, em vésperas de enfrentar dificultosa batalha sob o
seu comando, resolve consultar uma célebre pitonisa da época, a fim de ouvir a
alma de Samuel, poderoso comandante dos exércitos de Israel, já falecido e
sepultado em Ramatha, sua pátria. 7 Eis, então, como a Bíblia relata
os fatos através dos versículos já citados: "e disse-lhe a mulher: Quem
queres tu que te apareça? Disse Saul: Faze-me aparecer Samuel. E a mulher,
tendo visto aparecer Samuel, deu um grande grito e disse a Saul: Por que me
enganaste tu? Disse pois Samuel (o espírito materializado) a Saul: Por que me
inquietaste fazendo-me vir cá?"
Em Jó,
capítulo 4, versículos 13, 15 e 16, diz o profeta: "No horror de uma visão
noturna, quando o sono costuma ocupar os sentidos dos homens, ao passar diante
de mim um espírito, os cabelos de minha carne se arrepiaram. Parou alguém diante
de mim, cujo rosto eu não conhecia, um vulto diante dos meus olhos, e eu ouvi
uma voz como de branda viração". Em ambos os casos comprova-se
perfeitamente a materialização de espíritos e o fenômeno de "voz
direta", que melhor se confirma na seguinte frase: ... "e eu ouvi uma
voz como de branda viração".
No "II
Livro dos Reis", capítulo 6, versículos 5 e 6, o profeta Eliseu produz o
fenômeno de levitação, muito conhecido nas sessões espíritas de fenômenos
físicos, conforme o seguinte relato: "Aconteceu, porém, que um, cortando
uma árvore, caiu na água o ferro do machado: e ele gritou e disse: Ai, meu
senhor! Que este mesmo o tinha emprestado (o machado). E o homem de Deus (o
profeta Eliseu), indagou: Onde caiu? E ele mostrou o lugar. Cortou pois Eliseu um
pau, e o lançou no mesmo lugar e o ferro saiu nadando". Não há dúvida
alguma sobre o fato, pois em tal caso a "levitação" se comprova de
modo espetacular, quando o ferro do machado emergiu à superfície do rio e à luz
do dia.
O fenômeno
de materialização ainda se confirma, outra vez na seguinte narrativa de Lucas,
Capítulo 1 versículo 11, que assim diz: "E apareceu a Zacarias um anjo do
Senhor, posto em pé na parte direita do altar do incenso". Conforme narram
os apóstolos, noutros trechos bíblicos, um anjo materializou-se também a Maria,
avisando-a de que seria a mãe do Senhor.
A
mediunidade de "transporte" está perfeitamente implícita nos relatos
de Ezequiel. o profeta (capítulo 3, versículo 14), quando assim se expressa:
"Também o espírito me levantou, e me levou consigo; e eu me fui, cheio de
amargura e indignação do meu espírito; porém, a mão do Senhor estava comigo,
confortando-me". Da mesma forma. Felipe (Atos, capítulo 8, versículo 39 e
40) assim explica: "E tanto que eles saíram da água, arrebatou o espírito
do Senhor a Felipe, e o eunuco não o viu mais. Porém, continuava o seu caminho
cheio de prazer. Mas Felipe se achou em Azot, e, indo passando, pregava o
Evangelho em todas as cidades até que veio a Cesáreia".
A premonição
também foi largamente exercida nos tempos bíblicos, pois a Bíblia é pródiga
desses relatos proféticos, nos quais se profetiza a vinda de grandes seres.
Malaquias, capítulo 4, versículo 5, prediz a vinda de Elias: "Eis que vos
enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e horrível dia do
Senhor". Isaías também foi um clarividente incomum, prevendo, quase um
milênio antes, a vinda de Jesus e expondo minúcias que, mais tarde, serviriam
para identificar o tipo sublime do Mestre, conforme se verifica no capítulo 7,
versículos 14 e 15 do seu livro: "Pois por isso mesmo o Senhor vos dará
este sinal. Eis que uma virgem conceberá, e parirá um filho, e será chamado o
seu nome Emanuel (Deus conosco). Ele comerá manteiga e mel, até que saiba
rejeitar o mal e escolher o bem". Isaías profetizou o nascimento de Jesus
de uma virgem, isto é, o primeiro filho concebido de uma virgem só pode ser
aquele que é gerado na primeira união conjugal. O Mestre, portanto, nasceu de
uma virgem, mas sem desmentir as leis físicas imutáveis do Criador, ou sem
violentar o processo genético peculiar do mundo em que viveis. A clarividência
de Isaías ainda mais se confirma quando ele indica que Jesus seria alimentado a
manteiga e mel, isto é, seria vegetariano, preferindo o mel como um dos seus
alimentos prediletos.
Ainda na
Bíblia é possível comprovar-se de modo indiscutível o mecanismo justo e
eqüitativo da Lei do Carma e os processos da Reencarnação, que atualmente se
entrosam como ensinamentos espiríticos, sendo bastante examinar-se a parte
referente à vinda do profeta Elias e de João Batista, quando assim diz:
(Mateus, capítulo 17, versículos 11 a l3). "Porque todos os profetas e a
lei até João profetizaram. E se vós quereis bem compreender, ele mesmo é Elias,
que há de vir." E Mateus, capítulo 17, v. 11 e 13): "E Jesus,
respondendo-lhes, disse-lhes: Em verdade, Elias virá primeiro, e restaurará
todas as coisas; Mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram (...) Então
entenderam os discípulos que lhes falara de João Batista".
Através
desses relatos tradicionais a própria Bíblia confirma-nos a idéia da
reencarnação naqueles tempos memoráveis ainda endossa-nos o conceito
retificador da Lei do Carma, em que "a colheita é sempre de acordo com a
sementeira". No I Livro dos Reis, capítulo 18, versículos 40, Elias ordena
aos discípulos: "Apanhai os profetas de Baal, e não escape um só deles. E
tendo o povo os agarrado, Elias os levou à torrente de Quizon, e ali os
matou". Assim, Elias mandou-os degolar junto ao rio Quizon, inculpando-se perante
a Lei do Carma pela espécie de morte bárbara que ordenou aos sacerdotes de Baal
e candidatando-se a sofrer igual sorte no futuro. Na verdade, é a própria
Bíblia que nos comprova o resgate dessa dívida cármica de Elias, quando depois
de renascer na Terra, sob a figura do profeta João Batista, ele também foi
degolado no reinado de Herodes, a pedido de Salomé. Cumprira-se assim a Lei do
Carma em sua implacável justiça redentora, uma vez que Elias, o degolador de
outrora, depois de reencarnado como João Batista, também sofre idêntica prova
cármica sob a lei de "quem com ferro fere, com ferro será ferido",
malgrado tenha sido ele o precursor do próprio Messias.8
Ramatís -
Mediunidade de Cura
8 - Nota do
Revisor: Em aditamento a Ramatís, sobre os fenômenos mediúnicos relatados pela
Bíblia, citamos Lucas, capítulo 24, versículo 37, no qual se comprova também a
vidência dos apóstolos à guisa de "médiuns espíritas", em que se diz:
"Mas eles (os apóstolos) após a ressurreição do Mestre, achando-se
perturbados e espantados, cuidavam que viam algum espírito". Isso prova
que há muito tempo os apóstolos já viam espíritos, pois doutro modo eles não
poderiam pressupor um fato possível se já não o conhecessem anteriormente.
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