Ramatis: Embora reconheçamos que o vocábulo trinário Umbanda, em sua vibração intrínseca e real, significa a própria “Lei Maior Divina” regendo sob o ritmo septenário o desenvolvimento da Filosofia, Religião e a existência humana pela atividade da Magia em todas as latitudes do Universo, neste modesto capítulo referimo-nos à Umbanda, apenas como doutrina de espiritualismo de “Terreiro”. Sabemos que a palavra Umbanda é síntese vibratória e divina, abrangendo o conjunto de leis que disciplinam o intercâmbio do Espírito e a Forma, em vez de doutrina religiosa ou fetichista. Ela é conhecida desde os Vedas e demais escolas iniciáticas do passado, mas foi olvidada na letargia das línguas mortas e abastardada nos ritos africanos, passando a definir praticas fetichistas e atos de sortilégios. Em certos casos, chegaram a confundi-la com a própria atividade do sacerdote negro! Sem dúvida, ela deturpou-se na sua divina musicalidade e enfraqueceu a sua intimidade sonora na elevada significação de um “mantram” cósmico! Mas devido à ancestralidade divina existente no Espírito humano, Umbanda será novamente expressa e compreendida na sua elevada significação cósmica, mercê do trabalho perseverante dos próprios umbandistas estudiosos e descondicionados do fetichismo escravizante de seita! No entanto, nós prosseguiremos neste labor mediúnico, examinando Umbanda, somente em sua atual condição de sistema doutrinário mediúnico religioso!
E que dizeis de Umbanda, como “espiritualismo de Terreiro”? Ramatis: Em face de nosso longo aprendizado no curso redentor da vida humana, almejamos que a doutrina espiritualista de Umbanda alcance os objetivos louváveis traçados pela Administração Sideral. Indubitavelmente, a Umbanda, ainda não passa de uma aspiração religiosa algo entontecida, mas buscando sinceramente uma forma de elevada representação no mundo. Não apresenta uma unidade doutrinária e ritualística conveniente, porque todo “Terreiro” adora um modo particular de operar e cada chefe ou diretor ainda se preocupa em monopolizar os ensinamentos pelo crivo de convicção ou preferência pessoal. Mas o que parece um mal indesejável é conseqüência natural da própria multiplicidade de formas, labores e concepções que se acumulam prodigamente no alicerce fundamental da Umbanda. Aqueles que censuram essa instabilidade muito própria da riqueza e variedade de elementos formativos umbandisticos, são maus críticos, que devido à facilidade de colherem frutos sazonados numa laranjeira crescida, não admitem a dificuldade do vizinho ainda no processo da semeadura.
Poderíeis usar de alguma imagem comparativa que nos sugerisse melhor entendimento sobre a situação atual da Umbanda? Ramatis: A Umbanda é como um grande edifício sem controle de condomínio, onde cada inquilino vive a seu modo e faz o seu entulho! Em conseqüência, o edifício mostra em sua fachada a desorganização que ainda lhe vai por dentro. As mais excêntricas cores decoram as janelas ao gosto pessoal de cada morador; ali existem roupas a secar, enfeites exóticos, folhagens agressivas, bandeiras, cortinas, lixo, caixotes, flores, vasos, gatos, cães, papagaios e gaiolas de pássaros numa desordem ostensiva. Debruçam-se nas janelas criaturas de toda cor, raça, índole, cultura, moral, condição social e situação econômica. Enquanto ainda chega gente nova trazendo novo acervo de costumes, gostos, temperamentos e preocupações, que em breve tentam impor aos demais. Malgrado a barafunda existente, nem por isso é aconselhável dinamitar o edifício ou embargá-lo, impedindo-o de servir a tanta gente em busca de um abrigo e consolo para viver a sua experiência humana. Evidentemente é bem mais lógico e sensato firmar as diretrizes que possam organizar a vivencia proveitosa de todos os moradores em comum, através de leis e regulamentos formulados pela direção central do edifício e destinados a manter a disciplina, o bom gosto e a harmonia desejável.
Quereis dizer que apesar da confusão atual reinante na Umbanda, ela tende para a sua unidade doutrinária, não é assim? Ramatis: Apesar dessa aparência doutrinária heterogênea, existe uma estrutura básica e fundamental que sustenta a integridade da Umbanda, assim como um edifício sob a mais fragrante anarquia dos seus moradores, mentem-se indestrutível pela garantia do arcabouço de aço. Da mesma forma, o edifício da Umbanda, na Terra, continua indeformável em suas “linhas mestras”, bastando que os seus lideres e estudiosos orientem-se através da diversidade de formas exteriores, para em breve identificar essa unidade doutrinária iniciática. Os Terreiros ainda lutam entre si e atacam-se mutuamente, em nome de princípios doutrinários e ritualísticos semelhantes, enquanto sacrificam a autenticidade da Umbanda pela obstinação e pelo capricho da personalidade humana. É tempo dos seus lideres abdicarem do amor-próprio, da egolatria e interesses pessoais, para pesquisarem sinceramente as “linhas mestras” da Umbanda e não as tendências próprias e que então confundem à guiza de princípios doutrinários.
Considerando-se que a Umbanda é de orientação espiritual superior, qual é a preocupação atual dos seus dirigentes, no Espaço? Ramatis: Os Mentores da Umbanda, no momento, preocupam-se em eliminar as praticas obsoletas, ridículas, dispersivas e até censuráveis, que ainda exercem os umbandistas alheios aos fundamentos e objetivo espiritual da doutrina. Sem dúvida, uns adotam excrescências inúteis e abusivas no rito e características doutrinarias de Umbanda, por ignorância, alguns por ingenuidade e outros até por vaidade ou interesse de impressionar o publico. Inúmeras práticas que, de inicio, serviram para dar o colorido doutrinário, já podem ser abolidas em favor do progresso e da higienização dos “Terreiros”. Aliás, a Umbanda é um labor espiritual digno e proveitoso, mas também é necessário se proceder à seleção de adeptos e médiuns, afastando os que negociam com a dor alheia e mercadejam com as dificuldades do próximo. Raros umbandistas percebem o sentido especifico religioso da Umbanda, no sentido de confraternizar as mais diversas raças sob o mesmo padrão de contato espiritual com o mundo oculto. Sem violentar os sentimentos religiosos alheios, os Pretos-Velhos são o “denominador comum” capaz de agasalhar as angustias, suplicas e desventuras dos tipos humanos mais diferentes. São eles os trabalhadores avançados, espécie de bandeirantes desgalhando a mata virgem e abrindo clareiras para o entendimento sensato da vida espiritual, preparando os filhos e os habituando a soletrar a cartilha da humildade para mais breve entenderem a própria mensagem iniciática (e doutrinária) do Espiritismo. A Umbanda tem fundamento e quando for conhecido todo o seu programa esquematizado no Espaço, os seus próprios críticos verificarão a comprovação do velho aforismo de que “Deus escreveu certo por linhas tortas”.
A Maioria dos espíritas assegura que na Umbanda só baixam Espíritos inferiores, ainda presos às superstições e práticas pagãs. Que dizeis? Ramatis: Inúmeras vezes temos advertido que a presença de Espíritos inferiores não depende do gênero de trabalho mediúnico, nem do tipo da doutrina espiritualista, mas exclusivamente da conduta, do critério moral dos seus componentes e adeptos. Juntamente com as falanges de Espíritos primários ou pagãos, também operam na Linha Branca de Umbanda Espíritos de elevada estirpe espiritual, confundidos entre Caboclos, Pretos-Velhos, Índios ou Negros, originários de varias tribos africanas. Porventura, Jesus não prometeu: “Quando dois ou mais reunirem-se em meu nome, ali eu também estarei”. Ademais, em face da agressividade que atualmente impera no mundo pelo renascimento físico de Espíritos egressos do astral inferior para a carne, os trabalhos mediúnicos de Umbanda ajudam a atenuar a violência dessas entidades que se aglomeram sobre a crosta terráquea, tramando objetivos cruéis, satânicos e vingativos. As equipes de Caboclos, Índios e Pretos experimentados à superfície da Terra, constituem-se na corajosa defensiva em torno dos trabalhos mediúnicos de vários centros espíritas. Sem duvida, conforme o pensamento dos kardecistas, o ideal seria doutrinar obsessores e esclarecer obsediados sem o uso da violência que, às vezes, adotam as falanges de Umbanda. Em geral, tanto a vitima como os algozes estão imantados pelo mesmo ódio do passado. E então é preciso segregar a entidade demasiadamente perversa, que ultrapassa até o seu direito de desforra, assim como no mundo não se deixa a fera circular livremente entre as criaturas humanas. Tanto aí na Terra como aqui no Espaço, o livre-arbítrio é tolhido, assim que o seu mau uso principia a ferir os direitos alheios.
Quais as deficiências atuais da Umbanda para ela enquadrar-se definitivamente no seu objetivo mediúnico e doutrinário? Ramatis: Alhures, já explicarmos que a Umbanda ainda ressente-se de uma codificação ou seleção definitiva de seus valores autênticos, dependendo de estudos, pesquisas, debates, teses e simpósios entre os principais mentores, chefes e responsáveis por todos os Terreiros do Brasil. Também seria conveniente definir-se a posição da Umbanda, cada vez mais ocidentalizada pela penetração incessante de brancos, em contraste com os trabalhos tipo “Candomblé”, de culto deliberadamente primitivo e fetichista, fundamentado nas danças histéricas do mediunismo do negro africano. Há de se fixar regras, cerimônias e métodos de trabalhos impreencindiveis à característica fundamental da Umbanda, como ambiente simpático à livre manifestação dos Pretos e Caboclos, mas dispensando-se tanto quanto possível o uso exagerado de apetrechos inúteis e até ridículos no serviço mediúnico e de Magia. Justifica-se, também, a padronização das vestimentas dos cavalos e cambonos em sua cor branca, mas visando principalmente a higiene, a simplicidade, em vez da fascinação de paramentos eclesiásticos e que podem culminar na imprudência do luxo e do fausto... ... Finalmente, Umbanda pode ser aspiração ou manifestação religiosa de um estado evolutivo do vosso povo, mas perfeitamente compatível com o atual foro de civilização, sem as excentricidades dos batuques primitivos e da gritaria histérica até de madrugada. Não é prova de fidelidade nem demonstração de Espírito sacrificial, o homem participar de ritos e cantorias prolongadas que perturbam a vivencia comum dos demais seres, pois a Igreja Católica e o Protestantismo também praticam suas liturgias em horas e dias que jamais despertam protestos ou censuras. Os negros africanos atravessavam a madrugada adentro condicionado aos ritos intermináveis e às danças histéricas, porque eles também dispunham totalmente do dia seguinte para a recuperação física através do sono prolongado. Mas o cidadão atual é um escravo do cronômetro e de mil obrigações diárias, que lhe exigem o repouso adequado para não malograr no sustento da família. Trechos extraído do livro: Missão do Espiritismo – Psicografado por Hercílio Maes – Editora Freitas Bastos – Pelo Espírito de Ramatis. AOS IRMÃOS UMBANDISTAS, ESCLARECEMOS Umbanda – Uma religião cristã e brasileira
Vamos esclarecer a cristandade da Umbanda. Não somos católicos e nem kardecistas, mas aceitamos os Santos consagrados pelos católicos e os Mentores que militam no espiritismo, seus ensinamentos, mensagens e exemplos de vida. Marcos perguntou a Jesus: “Mestre; qual é a melhor das religiões para que possamos segui-la? Jesus respondeu: Aceite tudo o que é bom e rejeite tudo o que é mal. Eis a melhor das religiões”. É o que a Umbanda faz. O umbandista é aquele, pois, que procura seguir os ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, já que busca a vivência do seu Evangelho. Por todo o mundo, existem religiões de matizes cristãs, fundamentadas no Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. A Umbanda é mais uma das escolas cristãs espalhadas pelo mundo. Aceitamos Jesus incondicionalmente e procuramos, assim, nos integrarmos e interiorizarmos Seus ensinamentos em nossas mentes e em nossos corações, pois só assim conseguiremos nos elevar aos páramos da luz. Jesus disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém chega ao Pai, senão através de mim” (João 14, 6). A Umbanda não aceita a salvação do homem através do batismo pela água, mas sim pelo batismo da prática da palavra que Jesus nos deixou, o farol mais seguro para seguirmos e assim alcançarmos a felicidade plena. Aceitamos a Jesus incondicionalmente, não como o único filho de Deus, mas sim, como nosso irmão amado, Mestre em sabedoria, Pai por carinho e Luz de nossas vidas, e Senhor pelo Seu amor. O Filho unigênito de Deus Pai é o Cristo que habitava Jesus. Jesus para a Umbanda é o médium de Deus e o Mestre supremo, o grande luminar de toda a humanidade, pois veio nos trazer, por amor, a libertação através da palavra, dos ensinamentos e de Seus exemplos. Jesus é o governador do planeta Terra. Aquele que está diuturnamente nos amparando, abençoando, irradiando amor, fé, perdão, bondade, caridade e paz. Jesus é o articulador da Umbanda para o plano terreno. A Umbanda existe atualmente, pela graça e a benção de Jesus, O Cristo de Deus. De nada adianta ficarmos somente em oferendas, simpatias, despachos, descargas, passes; carregarmos patuás, guias; efetuarmos banhos de ervas, defumações, charutos; colocarmos uma roupa branca e somente ficarmos nos Terreiros cantando e dançando. Somente o dia que olharmos de fato para Jesus; aceitá-lo incondicionalmente em nossos corações e interiorizarmos Seus ensinamentos, conseguiremos praticar uma religião de verdade, onde todos se beneficiarão e encontrarão a tão procurada paz. Devemos descer Jesus dos altares, integrá-Lo em nossas vidas, apresentando-O a todos, assim como fazem nossos Guias Espirituais. Vamos vivenciar Seus ensinamentos; vamos aplicá-los em nosso dia a dia, principalmente em nossa vida religiosa. E como fazer isso? Estudando, aceitando, vivenciando e propagando o Seu Santo Evangelho. “De nada adianta andar com Jesus no peito; queremos ver quem tem peito de andar com Jesus”. O Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas, em 1.908 nos exortou: “Os banhos de ervas, os amacis, as concentrações nos ambientes da Natureza, a par do ensinamento doutrinário contumaz, na base do Evangelho, constituem os principais elementos de preparação do médium. E são severos os testes que levam a considerar o médium apto a cumprir a sua missão mediúnica”. A Umbanda baseia toda a sua doutrina nos ensinamentos do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, procurando incitar seus adeptos ao estudo e aplicações dos ensinamentos proferidos pelo Cristo de Deus. A Umbanda, como uma religião eclética, aceita em seus postulados tudo aquilo que já foi ensinado em questão de espiritualidade pelo mundo afora, desde que sejam conceitos firmados nas verdades eternas, com razão e bom senso, pois aceita como realidade, tudo aquilo que é feito por amor e para o bem. Mas, sua fé, seus postulados, suas leis, seus princípios básicos, sua finalidades são cristãs, baseados nos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Às vezes, a Umbanda utiliza recursos da magia planetária como uma alavanca para levantar a quem ela procura, mas sua síntese de fé baseia-se, tão somente, na Reforma Íntima tão necessária à evolução humana. A Umbanda, religião sem mistérios, prega que o homem deve conhecer a verdade a fim de se libertar das amarras da matéria. A Umbanda aceita os ensinamentos de Jesus como o caminho para se chegar ao Pai. A Umbanda aceita Jesus como a Luz do mundo. A Umbanda aceita Jesus como o pão da vida. A Umbanda ama ao próximo. A Umbanda é perdão. Temos a Umbanda como seguidora, sustentadora e aplicadora dos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, o pilar mestre da nossa religiosidade; respeitamos, mas não aceitamos o cristianismo como é ensinado e praticado por muitos religiosos. Temos a nossa maneira de entender e praticar os ensinamentos de Jesus. A Umbanda realiza o Divino propósito de ensinar a existência de um Deus único, mas que se irradia através de Suas Emanações (Orixás), para todos e por todos. A Umbanda não dissocia Deus do homem, mas sim, Integra-o, tornando-nos Um com o Pai. A Umbanda prega a verdade da vida, conscientizando-nos de que todos são irmãos perante Deus, e que tudo o que fizermos, estaremos fazendo ao Pai. A verdade é Cristo atuando em nós. Se ainda somos escravos das inferioridades conhecidas, e que são a causa das nossas desgraças, das dores, dos sofrimentos, das doenças. Tratemos, hoje mesmo, de por em movimento o trabalho de nossa recuperação através de um treino diário de mentalização para o bem; pela manhã, ao levantar, e à noite, ao deitar. A realidade evangélica é chamada a fazer luz em nosso entendimento, para que a nossa razão seja despertada para o movimento da magia positiva em nossa consciência. Sem esse desejo veemente não alcançaremos aquela paz que nos falta e de que o Mestre nos falou. Sigam as orientações dadas pelos Guias Espirituais, transformando suas vidas, pois só assim conseguiremos reatar a amizade com a paz, a saúde, a união, a fraternidade, a fim de entendermos realmente o que seja a verdade da vida. Para termos noção do que é ser cristão, Emmanuel formulou um programa a ser seguido: UMBANDA E O EVANGELHO. |
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