Muitos
questionam o problema da revelação de segredos em consultas com entidades de
Umbanda, sob a égide de que a privacidade das pessoas não pode ser invadida,
nem devassada.
Para
melhor explicar a questão, considere que alguém tenha cometido um crime, por
exemplo, e, durante uma consulta uma entidade revele esse fato a uma terceira
pessoa, fazendo com que o ato que era mantido em segredo venha à tona e o
criminoso seja descoberto e desmascarado. Seria isso lícito do ponto de vista
da ética das religiões?
À
primeira vista o problema parece complexo, mas, na verdade, não é tanto assim,
quando se o considera pela ótica da justiça divina e da ação continuada no bem.
Na
prática se pode dizer que não existe meio certo quando se trata de justiça. No
campo das verdades espirituais, o justo é o justo, o certo é o certo, a verdade
é a verdade. Da mesma forma, a Lei de Harmonia Universal nos diz que podemos
usar nosso livre arbítrio como bem entendermos, mas a ninguém é dado prejudicar
seus irmãos impunemente.
As
pessoas guardam consigo todo tipo de segredos; alguns que só dizem respeito à
própria pessoa e que, por isso mesmo, devem ser mantidos na esfera da
privacidade, e outros que afetam diretamente a vida de outras pessoas, muitas
vezes provocando prejuízos e podendo causar dores incalculáveis. Seria justo
que esse tipo de segredo permanecesse oculto em nome do direito à privacidade?
Ora,
a própria palavra "privacidade" já aponta para coisas que estão na
esfera privada e nada que envolva diretamente outras pessoas pode ser
enquadrado nessa esfera. O problema é que os indivíduos em geral tem uma noção
muito errada do que seja o direito à privacidade, considerando muitas vezes que
sob esse direito se possam ocultar os atos mais vis, as práticas mais covardes,
as injustiças mais cruéis. Não é assim.
É
necessário que todos entendam que a justiça divina não se restringe ao post
mortem, podendo e devendo ser aplicada de imediato, inclusive em caráter
preventivo, se assim for possível.
As
entidades de Umbanda sabem disso e não compactuam com o errado em nenhuma
hipótese, assim, quando tem permissão para fazê-lo, podem e devem revelar
qualquer tipo de segredo que, se mantido como tal, poderia causar danos
irreparáveis a outras pessoas. Considere-se ainda que os espíritos que militam
na Corrente Astral de Umbanda - em especial os Exus - tem compromisso direto
com os fatos ligados ao plano material, estando encarregados, tanto quanto
possível, de procurar manter a harmonia, a paz e o bem estar no âmbito das
relações sociais, Dessa forma, quando revelam alguma coisa que na opinião de
alguns não deveria ser revelada, fazem-no de conformidade com a vontade e a
justiça de Deus.
Aqueles
que se revoltam contra uma revelação assim, é porque certamente estavam
tentando esconder atitudes espúrias e se veem subitamente flagrados em sua
ignomínia.
Há,
contudo, um limite ético a essa inconfidência das entidades: sua ação deve se
limitar aos fatos por eles descobertos, não podendo nunca atingir os fatos que
lhes são contados em consultas, seguidos de um pedido de ajuda ou de
orientação. A explicação para isso está no fato de que, quando alguém procura
um terreiro e revela segredos a uma entidade, o faz no exercício da fé e da
confiança e não seria digno de um ser evoluído quebrar essa confiança,
revelando o que lhe foi confiado em sigilo.
Mais
que isso, quem procura uma entidade para revelar um segredo, certamente já está
em busca de solução para o seu problema, cabendo então à entidade fazer o
possível para orientar e auxiliar na solução.
A
revelação se aplica àqueles casos em que o fato, se não revelado, permaneceria
desconhecido, causando prejuízos a terceiros.
Fonte: http://neumbanda.blogspot.com/
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